domingo, 30 de dezembro de 2007

reação II

negar o sentimento de outra pessoa é impossível. a única opção verdadeiramente sua é a forma como você irá demonstrar sua reação a isso.
não digo uma reação pensada, racional, falo daquela reação que surge espontâneamente, como a construção de um quebra-cabeças. você não enxerga a imagem completa, às vezes há pistas, mas no início há muitos erros de interpretação.
mas ainda não é isso, pois essa nossa reação aos estímulos externos também não é controlada, ela se dá conforme o nosso instante e como interpretamos o mundo naquele instante.
no fim, o que nos resta é como expressar, ou não, essa reação.
este é o trabalho laborioso, a escolha injusta, lidar com um sentimento que não gostaríamos de sentir ou com um que nos entristece muito de não sentirmos é um trabalho solitário.
apesar do sentimento ser projetado a um ente externo a nós mesmos, apenas ao nos voltarmos para dentro e questionarmos o que realmente queremos, porque e até onde estamos dispostos a ir, é que alcançamos alguma orientação em meio ao leque enorme de opções de ação.
agir corretamente com quem nos demonstra afeto? sim, esse é um norteador muito potente, mas agir corretamente com os nossos próprios sentimentos é sempre o que deve prevalecer.

reação I

para cada ação, uma reação, para cada sim, um não... será? os clichês estão aí, talvez, para mostrar um óbvio que nos negamos a aceitar de fato, e por isso repetimos sempre, na esperança de um dia assimilarmos.
a luta pela igualdade social gera sua própria reação contrária. aceitar esse fato simples nos previne de mais uma pedra que sempre temos que ultrapassar, a inocência de acreditarmos que uma luta justa sempre terá eco e auxílio.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

essas duas...

São duas pessoas que vivem dentro de mim. Uma quer uma casa, um amor, filhos, e ser aquela que apóia, ajuda e contempla feliz o crescimento das pessoas à sua volta, sabendo que fez o melhor que pôde. A outra quer o mundo, a briga, a luta. Quer o dia-a-dia inesperado e caótico de quem constrói e modifica, de quem lidera e tenta sempre aplicar e ensinar aquilo que acredita.
Sonho em um dia unir essas duas, torná-las amigas inseparáveis. Por enquanto elas brigam, não conseguindo partilhar meu coração, cada qual quer pra si ele inteiro. Mas eu não desisto de teimar, um dia, numa curva da estrada, vou descobrir uma maneira de uni-las. Por enquanto eu vou com elas, aprendendo a conhecê-las e amá-las.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

que canseira!

a dor e o cansaço às vezes são sensações quase prazerosas. É sentir em cada fibra que pulsa o esforço feito até ali, é sentir na garganta que falha o quanto ela foi requisitada, é sentir na ardência dos olhos a força de vontade para aguentar só mais um pouquinho. Não quero dizer com isso que gosto de sofrer, longe disso! Só quero diferenciar aquele cansaço forçado, de quando não temos escolha, do cansaço opcional, aqueles momentos tão maravilhosos em que optamos por nos mover, apesar de todas as tentações da preguiça.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

cúmplices

será que alguém sente o mesmo que eu? a angústia é uma coisa realmente poderosa nas nossas vidas. ultimamente, lendo um livro sobre isso e descobrindo as minhas próprias, passei a me enxergar de maneira mais clara, e como isso faz diferença!
mentir para os outros, como diz uma certa pessoa, é regra obrigatória de se viver em sociedade, mas ultrapassar o limiar entre você e os outros é quase uma armadilha inescapável.
e mentir para si mesmo é se manter na loucura.
qual a dica? saiba sempre para que se faz as coisas, tenha sempre a sensibilidade de perceber seus próprios sentimentos, e não negá-los.
conviver com eles pode ser mais doloroso às vezes, mas os liberta, ao mesmo tempo que liberta você mesmo.
se a vida é assim, então vamos conhecê-la de fato, sem máscaras, sem véus, sendo cúmplices de nós mesmos, e não acusadores.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

pensamentos do dia

Na parada á espera do ônibus, um senhor idoso se escora ao meu lado. Enquanto isso, do outro lado da rua um casal de hippies passa levando uma criança num carrinho e uma tela com vários brincos expostos.
Entro no ônibus e o mesmo senhor vem comigo.
Na primeira parada estão 3 velhinhas, tão velhinhas que seus cabelos parecem teias de aranha. Eu as observo enquanto conversam, curvadas, mas animadamente. Ao mesmo tempo passa de bicicleta um homem com uma criança de não mais que 5 anos na garupa.
De repente uma mulher atrás de mim grita perguntando ao cobrador como ela faz para denunciar um homem que a ameaçava de morte mas tinha um primo na brigada militar.
No meio disso eu só consigo pensar na vida. Na corrente consciente e inconsciente de vida que interliga num mesmo momento de realidade todas as outras vidas que estão á nossa volta.
Vidas que começam, latentes ainda, e vidas que já se encerram.
Tudo traz consigo uma bagagem tão maravilhosa de possibilidades que eu acabo entendendo o medo de mudanças a que alguns se agarram com unhas e dentes.
No dia que essa represa estourar e todos perceberem a míriade de possibilidades existentes, nada mais será como antes.
Ainda bem.

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

porque é tão difícil?

porque é tão difícil mudar? porque é tão difícil ser eu mesma? porque é tão difícil conviver e deixar viver?
porque a vida nos mostra tudo que é bom e depois diz que não podemos pegar? e porque temos que acreditar que tudo é coincidência e achar que a vida é normal??
porque uns não conseguem perceber a dádiva maravilhosa que tem na sua vida e outros são obrigados a ter o crescimento de espírito de perseverar na pior miséria!?
pouco a pouco minhas perguntas aumentam, a cada resposta, menos nítido fica o panorama.
meu caminho é esse, e o sigo contente, temendo apenas aquela terrível doença que assola a humanidade: o conformismo.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

sentimentos, pensamentos, ações...

Você já se sentiu enganado, extremamente cansado, triste, derrotado mas ao mesmo tempo com uma felicidade e tranquilidade que não sabe explicar!?
Acho que finalmente entendi o sentimento de dever cumprido. Na sua essência. Mesmo que dê tudo errado, mesmo que ninguém que você confiou retorne essa confiança, mesmo que você dê seu sangue e tudo vá por água abaixo. Você fez tudo. Não desistiu, não fraquejou, acreditou até o fim, mesmo reconhecendo a iminência da derrota, lutou com todas as forças.
Isso é dever cumprido. Não projetar nos outros a vitória interna da certeza de se ter feito tudo.
Encaro as coisas com mais tranquilidade agora, pois finalmente achei o caminho que depende só de mim.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

COMEÇANDO COM O PÉ ESQUERDO

nunca fui muito dessa coisa de internet. muito menos de ficar criando alguma coisa na frente do teclado. papel e caneta sempre me atraíram mais.
só que as coisas mudam, hoje as pessoas se comunicam e trabalham sempre em frente dessa máquina.
mesmo indiretamente, somos afetados profundamente por sua existência e importância na sociedade.
tudo isso pra dizer que me rendi. cansei da batalha e hoje assumo que passo uma boa parte do meu tempo em frente desse ente que entendo tão pouco, mas que não posso mais ignorar como antes.
pessimista pra caramba, né!? pois é, é isso que dá falar o que se pensa.
começo, portanto, com o pé esquerdo. presa em casa com rubéola, tentando não pensar nas coisas que estou deixando de fazer e na falta de ânimo para outras. tentando não pensar enfim. dizem que é bom, ás vezes.
começo mal, talvez piore, talvez melhore, há margem para os dois lados, pelo menos.