Como não acreditar na bondade humana quando ela vem de graça, sorrateira e pedindo desculpas por existir?
O que estraga, na maioria das vezes, não é o fornecedor e sim o receptor.
Como aceitar a bondade simplesmente quando é muito mais fácil, depois de tantas feridas por má-interpretação, esperar sempre o pior?
Daí o medo, de novo, vem nos toldar, sussurar no ouvido o quão inocente somos por ousar pensar na possibilidade de um ato abnegado vindo de alguém.
E nos pegamos concordando. Endurecendo e restringindo a mente, enxergando nossa visão deturpada (como qualquer visão) da realidade, como verdade absoluta.
Bom, eu me presenteei pelo menos com o benefício da dúvida. Já é alguma coisa.
terça-feira, 18 de março de 2008
Música
Não é cansaço, mesmo tendo dormido às duas e acordado às seis.
Não é tristeza, mesmo tendo assistido às várias e sempre surpreendentes formas da miséria humana todos os dias.
Não é raiva, mesmo percebendo que o mundo chafurda cada vez mais em sua própria arrogância e esquizofrenia.
É exatamente este o problema. Não é nada disso que sinto.
É um suspiro permanente que me arrepia a espinha, que me faz vislumbrar a face do conformismo e me larga consternada.
Mas então eu escuto Cássia. Felizmente o homem apostou na música como um meio de disseminação cultural, senão agora eu estaria encrencada.
Não é tristeza, mesmo tendo assistido às várias e sempre surpreendentes formas da miséria humana todos os dias.
Não é raiva, mesmo percebendo que o mundo chafurda cada vez mais em sua própria arrogância e esquizofrenia.
É exatamente este o problema. Não é nada disso que sinto.
É um suspiro permanente que me arrepia a espinha, que me faz vislumbrar a face do conformismo e me larga consternada.
Mas então eu escuto Cássia. Felizmente o homem apostou na música como um meio de disseminação cultural, senão agora eu estaria encrencada.
Medo
Não é verdade que as pessoas mais felizes são aquelas que nada temem, estas simplesmente possuem uma forma muito diferente de vida e felicidade.
Mas para aqueles que compartilham deste aspecto quase unânime na sociedade humana, as pessoas mais felizes provavelmente serão aquelas que reconhecem, vivenciam e verdadeiramente se apropriam de seus medos.
Mas para aqueles que compartilham deste aspecto quase unânime na sociedade humana, as pessoas mais felizes provavelmente serão aquelas que reconhecem, vivenciam e verdadeiramente se apropriam de seus medos.
quarta-feira, 12 de março de 2008
pra pensar, não pra concordar
O ser humano é racista.
A identificação e definição das diferenças entre o eu e o outro é o mecanismo que faz com que reconheçamos o mundo, nossa realidade e nós mesmos como coisas separadas.
Eu não sou como essa cadeira, logo essa cadeira é diferente de mim e portanto eu não sou uma cadeira.
Esse raciocínio básico de separação entre o indivíduo e seu meio exterior, através das diferenças entre ele e o meio, assim como qualquer percepção, pode ser exaltado ou desencorajado, mas está aí, presente em qualquer pessoa.
Somos diferentes. Durante séculos de convívio social produzimos e reproduzimos complexas redes de interações que nos induzem, desde o nascimento, ao comportamento majoritário em nosso grupo que, no fim, forma nossa identidade.
Dois aspectos conflitantes. Ao mesmo tempo que comparamos e identificamos contínuamente o diferente, não medimos esforços para nos igualarmos em nosso próprio grupo.
Some a isso o arcabouço cultural predominante, glorificação e exaltação da etnia branca em detrimento e contraposição direta às outras etnias.
As alterações desta realidade que nos é dada só dependem de nós mesmos. Quem mantém ou altera qualquer aspecto cultural de um povo é este mesmo povo.
Aceitar nossas limitações como ser humano e reconhecer nossos comportamentos sociais não significa compactuar com eles. Admitir que eles existem é o primeiro passo honesto em busca de alguma modificação real.
O que mais me entristece é a negação da realidade. A falta de disposição para lidar com problemas que nos exigem uma solução, chegando ao ponto de negá-los só me remete a duas explicações, fraqueza de caráter ou má-fé mesmo.
A identificação e definição das diferenças entre o eu e o outro é o mecanismo que faz com que reconheçamos o mundo, nossa realidade e nós mesmos como coisas separadas.
Eu não sou como essa cadeira, logo essa cadeira é diferente de mim e portanto eu não sou uma cadeira.
Esse raciocínio básico de separação entre o indivíduo e seu meio exterior, através das diferenças entre ele e o meio, assim como qualquer percepção, pode ser exaltado ou desencorajado, mas está aí, presente em qualquer pessoa.
Somos diferentes. Durante séculos de convívio social produzimos e reproduzimos complexas redes de interações que nos induzem, desde o nascimento, ao comportamento majoritário em nosso grupo que, no fim, forma nossa identidade.
Dois aspectos conflitantes. Ao mesmo tempo que comparamos e identificamos contínuamente o diferente, não medimos esforços para nos igualarmos em nosso próprio grupo.
Some a isso o arcabouço cultural predominante, glorificação e exaltação da etnia branca em detrimento e contraposição direta às outras etnias.
As alterações desta realidade que nos é dada só dependem de nós mesmos. Quem mantém ou altera qualquer aspecto cultural de um povo é este mesmo povo.
Aceitar nossas limitações como ser humano e reconhecer nossos comportamentos sociais não significa compactuar com eles. Admitir que eles existem é o primeiro passo honesto em busca de alguma modificação real.
O que mais me entristece é a negação da realidade. A falta de disposição para lidar com problemas que nos exigem uma solução, chegando ao ponto de negá-los só me remete a duas explicações, fraqueza de caráter ou má-fé mesmo.
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